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Multivitamínicos: O que são? São seguros? Será que faz sentido a sua suplementação?

suplementos alimentares - multivitamínicos

O que são suplementos alimentares?

Os suplementos alimentares são considerados alimentos, com algumas especificidades. Estes constituem fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional. Os suplementos alimentares não são medicamentos, por isso, não podem mencionar propriedades como o tratamento ou cura de doenças ou dos seus sintomas.

Os suplementos podem ser divididos em 3 grupos:

  • Vitaminas e minerais
  • Plantas ou extratos botânicos
  • Outras substâncias, como por exemplo, fibras e probióticos, ácidos gordos essenciais ou aminoácidos e enzimas.

Em Portugal, considera-se ainda a categoria de “produtos fronteira”, que são compostos que podem ser definidos tanto como medicamentos como suplementos alimentares. Alguns exemplos de substâncias considerados produtos fronteira são por exemplo a melatonina, valeriana ou ginkgo biloba.

O grande problema dos suplementos começa com o facto destes, ao contrário dos medicamentos, não terem a apresentação obrigatória de ensaios de qualidade, segurança e eficácia para serem colocados à venda. Isto significa que quando compra um suplementos alimentar, não há nenhuma garantia de que este seja seguro ou que exerça a função para a qual o está a tomar.

Por outro lado, a ideia de que “o que é natural não faz mal” ou “quanto mais tomar, melhor vai fazer” são mitos que podem levar a um consumo exagerado deste tipo de produtos, que apesar de poderem ser de origem natural, podem apresentar efeitos secundários.

Quem é que necessita de tomar suplementos alimentares?

Os suplementos alimentares, tal como o nome indica, destinam-se a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal, e não substituem uma alimentação variada e equilibrada.

Estes podem ser necessários em situações específicas como:

  • Pessoas com uma maior propensão para carências nutricionais, como por exemplo, pessoas que seguem um padrão alimentar vegetariano estrito;
  • Períodos de vida com necessidades aumentadas, como a gravidez, amamentação ou menopausa;
  • Pessoas com exigências nutricionais acrescidas, por exemplo desportistas;
  • Pessoas com deficiência comprovada de algum nutriente;
  • Entre outras.

Multivitamínicos

Os multivitamínicos são suplementos geralmente vendidos na forma de cápsulas, mas que também se podem encontrar em spray, pó ou shots, e são compostos por várias vitaminas e/ou minerais juntos.

As vitaminas e os minerais são micronutrientes, essenciais ao funcionamento normal do organismo em quantidades na ordem das miligramas ou muitas vezes das microgramas.

As vitaminas podem ser divididas em dois grandes grupos:

  • Aquelas que são solúveis em água: como as vitamina do complexo B e a vitamina C
  • Aquelas que são solúveis em gordura: são as vitaminas A, D, E e K

E o que é que isto significa?

As vitaminas que são solúveis em água, quando se encontram em excesso são eliminadas na urina, no entanto, as vitaminas que são solúveis em gordura, para além de necessitarem de uma fonte de gordura para que consigam ser absorvidas, quando estão em excesso no corpo não conseguem ser eliminadas. Desta forma, acumulam-se, e podem tornar-se tóxicas para o organismo.

Logo, quando uma pessoa toma um multivitamínico sem fazer análises clínicas e perceber realmente se há necessidade de fazer a sua suplementação, corre o risco de estar a tomar uma dose excessiva – o que traz consequências negativas! A isto chamamos de hipervitaminose.

Situações de toxicidade também acontecem quando a ingestão de minerais é superior aquela que é a dose diária recomendada.

Por outro lado, a quantidade de multivitamínicos que têm quantidades superiores àquelas que são as doses diárias recomendadas, é grande, o que torna esta possibilidade ainda maior. No entanto, mesmo aqueles que dizem ter quantidades inferiores à dose diária recomendada, devido ao facto dos suplementos não necessitarem de apresentar dados que comprovem a sua segurança e eficácia, na realidade não sabemos o que é que este suplemento contém.

Para além disto, também é preciso ter atenção que os alimentos já são naturalmente ricos em vitaminas e minerais, e mesmo que se esteja a fazer uma suplementação que contenha doses baixas, ainda assim, a dose recomendada pode ser excedida.

Outra possibilidade é o multivitamínico conter uma quantidade tão baixa das vitaminas ou minerais que são necessários que nem sequer é suficiente para exercer o seu papel.

A ideia de que este tipo de suplemento ajuda a imunidade ou a prevenir alguma doença, não está comprovada, a não ser que exista alguma deficiência, caso contrário, na maior parte das vezes, para além de poder ser perigoso, é dinheiro deitado ao lixo.

Isto significa que todos os suplementos fazem mal e são inseguros?

Não! Como tudo na nutrição, depende sempre de caso para caso. Para algumas pessoas pode fazer sentido fazer este tipo de suplementação, e apesar de não serem obrigatórios testes de qualidade, segurança e eficácia, há várias marcas que os fazem. No entanto, geralmente, fazer a suplementação de micronutrientes específicos é mais eficaz do que a utilização de multivitamínicos.

Apesar disto, em pessoas saudáveis, normalmente, uma alimentação equilibrada e variada é o suficiente para atingir todas as suas necessidades, tanto de macronutrientes (hidratos de carbono, gordura e proteína), como de micronutrientes (vitaminas e minerais).

A ideia que queremos passar é que apesar de suplementos, como o caso dos multivitamínicos, poderem parecer inofensivos, podem não o ser e trazer efeitos indesejados, quando tomados por iniciativa do próprio e sem o acompanhamento devido por um profissional de saúde.

Referências

  1. Martins, A. S. et al. Boletim de Farmacovigilância – suplementos alimentares: o que são e como notificar reações adversas. 21, (2017).
  2. Infarmed. Produtos-fronteira entre suplementos alimentares e medicamentos.

 

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