A alimentação intuitiva é uma abordagem que tem como objetivo a diminuição da obsessão pela comida e a libertação das dietas yo-yo.
Já pensou porque é que experimentou várias dietas, mas nenhuma realmente funciona? Será o problema mesmo seu? Ou das dietas?
Se levar o carro ao mecânico, pagar o seu arranjo e ele voltar com o mesmo problema, a culpa do carro estar estragado é do mecânico certo? Então porque é que quando se trata de uma dieta, coloca a culpa em si e não na dieta?
A alimentação intuitiva não é uma dieta, mas sim uma mudança de mentalidade onde há uma melhoria da sua relação com a comida, mente e corpo. Esta não é focada no peso, mas sim nas mensagens de fome e saciedade pelo seu corpo que aumentam a sua consciência.
Esta abordagem rege-se por 10 princípios, que devem ser encaradas como guidelines e não regras.
1º) Rejeite a mentalidade de dieta
Esqueça os livros e revistas com dieta que lhe prometem uma perda de peso rápida, fácil e permanente. Questione-se pelo motivo de recomendação para perda de peso tendo em conta que esta não é sempre uma intervenção sem consequências negativas e não existe evidências de abordagens que resultem no longo prazo.
A mentalidade de dieta promove um sentimento de falha sempre que uma nova dieta deixa de funcionar e ganha o peso todo que perdeu de volta.
2º) Honre a sua fome
Mantenha o seu corpo nutrido com energia e nutrientes adequados, de outra forma pode despoletar gatilhos que levam ao consumo descontrolado de comida. Quando se chega a um estado de fome exagerada, as intenções de comer de forma moderada e consciente não resultam.
Aprender a honrar a sua fome permite que reconstrua um estado de confiança em si mesmo e na comida.
3º) Faça as pazes com a comida
Dê-se permissão incondicional para comer. Se disser a si mesmo que não pode comer determinados alimentos, obtém sentimentos de privação e escassez que resultam em descontrolo e compulsão alimentar.
Quando come os seus alimentos preferidos e que declarou como “alimentos proibidos”, o descontrolo leva a sentimentos de culpa.
4º) Desafie as regras impostas na alimentação
Não existem alimentos “bons” e “maus”! Não se portou bem porque comeu poucas calorias nem se portou mal porque comeu bolo de chocolate.
As regras impostas na alimentação são regras que não fazem sentido e que temos impostas por uma mentalidade de dieta. Desafiar estas regras é importante para se conectar com a sua fome e saciedade.
5º) Descubra o conceito de “satisfação”
Na procura de um corpo perfeito esquecemo-nos de uma dos maiores prazeres da vida – o prazer e satisfação de comer! Quando come o que realmente quer, num ambiente positivo, o prazer que deriva do momento irá ajudar a que se sinta saciada e satisfeita.
6º) Sinta e honre a saciedade
Ouça os sinais do seu corpo que lhe mostram que tem fome e os que lhe mostram que já está saciada. Faça pausas enquanto está a fazer as refeições e pergunte-se a si própria como é que a comida lhe está a saber e como está o seu nível de fome.
7º) Lide com as suas emoções de forma gentil
Reconheça que a restrição de alimentos, tanto física como mental, pode ser um gatilho para a perda de controlo, que se manifesta com o comer de forma emocional. Encontre formas gentis de lidar com as suas emoções, a ansiedade, solidão ou aborrecimento são emoções que lidamos ao longo da vida. A comida não resolve nenhuma destas emoções, pode reconfortá-la no curto prazo, mas não resolve o problema. Terá que aprender a lidar com a razão dessa emoção.
8º) Respeite o seu corpo
Aceite-se. Tal como uma pessoa que calça o 38 não tem a esperança irrealista de vir a calçar o 35, não tenha expectativas irrealistas em relação ao tamanho do corpo. Mas principalmente, respeite o seu corpo, de modo a que se consiga sentir melhor em relação a quem é. É difícil rejeitar a mentalidade de dieta se for irrealista e crítica em relação ao seu corpo.
Todos os corpos são dignos.
9º) Movimento intuitivo – sinta a mudança
Esqueça o exercício como forma de poder comer mais calorias, mude a forma de pensar e simplesmente mantenha-se ativa e sinta a diferença. Se se focar em como se sente depois de treinar, irá fazer a diferença entre acordar de manhã e saltar da cama ou colocar o alarme em snooze.
10º) Nutrição sem fundamentalismos
Faça escolhas alimentar de modo a honrar a sua saúde e lembre-se que não tem que ter uma alimentação perfeita para ser saudável. Não se vai tornar uma pessoa menos saudável por comer alimentos menos nutritivos. O que come consistentemente ao longo do tempo, é o que importa. O que conta é o progresso, e não a perfeição.
Referências:
Tribole, E., & Resch, E. (2012). Intuitive Eating (Fourth Edition).
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