O que é a Nutrição Comportamental?
Nutrição e Alimentação são temas cada vez mais debatidos em todos os meios de comunicação e apesar da informação ser cada vez mais acessível, ainda persiste uma visão muito restrita em relação à alimentação, como a categorização de alimentos como “saudáveis” ou “não saudáveis”, ou “bons” e “maus”, onde o prazer em comer é associado a sentimentos de culpa e vergonha.
O contexto atual em que vivemos não promove uma mudança de comportamentos e não torna as pessoas mais saudáveis – e o crescimento da taxa de excesso de peso e obesidade, assim como de doenças, como a diabetes e transtornos alimentares justifica isso.
Cada vez mais se associa o Nutricionista a um “polícia alimentar”, que diz às pessoas o que devem e não devem comer, o que para além de não mudar o comportamento das pessoas, contribui para uma relação com a comida perturbada.
A Nutrição Comportamental é uma abordagem baseada em ciência que tem em consideração que somos seres biopsicossocioculturais, ou seja, que inclui os aspetos biológicos, psicológicos, sociais e culturais da alimentação. Esta é uma abordagem diferenciadora porque embora a maior parte dos profissionais saiba que ninguém come apenas por questões biológicas – ou seja, por sobrevivência – é muito pouco ou nada levado em conta os aspetos psicológicos, sociais e culturais.
Porque é que o ênfase em aspetos somente biológicos é negativo?
Focarmo-nos apenas aspetos biológicos quando se trata de alimentação, significa que consideramos que comer é uma decisão unicamente racional, minimizando componente emocionais, culturais e sociais.
A alimentação nesta forma é vista como um meio para um fim, e os hábitos e preferências são vistos como um ponto secundário.
Os alimentos são fontes de nutrientes promotores de saúde, mas o seu papel na nossa vida vai muito além do que apenas isso.
Quais são os pilares da Nutrição Comportamental?
A comida tem vários significados
A comida tem um carácter simbólico, entre os significados estão cultura, religião, política, status, memórias afetivas, família, questões de género e relacionamentos. No entanto, a comida não tem apenas significados positivos, pode também levar a sentimentos e lembranças negativas.
Atualmente, vemos que o significado de comer engloba também os “riscos em comer” e regras do que comer, seja por questões de saúde, status, sustentabilidade, etc.
Todos os alimentos podem ter espaço na nossa alimentação
Não existem alimentos permitidos e proibidos! Todos os alimentos podem ter espaço na nossa alimentação, respeitando a devida frequência e quantidade.
Um olhar dicotómico para os alimentos (alimentos bons e maus) gera sentimentos de culpa e comportamentos com consequências graves para a saúde, como compensação.
Comunicação não prescritiva
Uma dieta, um plano alimentar ou regras rígidas retiram a autonomia individual de cada um e a sua aprendizagem em fazer escolhas.
Educação sobre dietas
95% das pessoas que fazem dieta recuperam o peso perdido entre 3 a 5 anos depois – isto significa que fazer dieta não funciona.
Apresentar a ineficácia e consequências de fazer dieta, tanto na saúde física como emocional é um ponto fundamental para uma alimentação mais intuitiva e autónoma.
Foco em comportamentos e não no peso
A saúde depende de comportamentos saudáveis e o peso não diz nada sobre a saúde de uma pessoa. Assim, dietas, planos, modelos e tratamentos que se foquem apenas no peso como indicador de sucesso do acompanhamento.
O peso poderá ser uma consequência da mudança de comportamentos, mas não o foco principal.
1 Comentário
Porque é que ter um plano alimentar pode ser uma péssima ideia? — Nutrëncia
13/03/2023 at 17:35[…] A melhor forma de garantir uma perda de peso saudável e sustentável é através da mudança comportamental, como já explicámos aqui. […]