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Mindful Eating: O que é e quais as suas vantagens

Nutrëncia Mindful eating

O que é Mindful Eating?

Para se compreender o Mindful Eating, é preciso perceber a sua origem. Este é proveniente do mindfulness, que tem como sua tradução “atenção plena”. É a capacidade de trazer atenção ao momento presente, de forma intencional, sem julgamentos ou críticas, com uma atitude de abertura e curiosidade.

Já o Mindful Eating significa “comer com atenção plena”. É a mesma abordagem que o mindfulness, mas contextualizada à alimentação.

Quais são as vantagens de praticar o Mindful Eating?

A premissa desta abordagem de “comer com atenção plena”, para além de trazer mais atenção ao momento alimentar, permite perceber melhor os sinais de fome e saciedade. No entanto, é importante que perceba que nem sempre vai comer respeitando os seus sinais de saciedade, em momentos de convívio social por exemplo, é completamente normal, comermos acima do que precisávamos do ponto de vista biológico, e está tudo bem.

Para além disto, tem também uma função muito importante, em ajudar a melhorar a sua relação com os alimentos. Uma vez que uma das premissas desta abordagem, é o não julgamento dos mesmos, abstendo-nos de categorizá-los como “bons” e “maus”.

O Mindful Eating é uma capacidade inata no ser humano?

Sim, é! Todos começamos por ter uma abordagem de mindful eating na nossa vida enquanto crianças. Numa fase em que olhamos para todos os alimentos de igual forma. Estamos presentes no momento alimentar, sentimos as características dos alimentos, como: textura, temperatura, cheiro, sabor, e tudo isto sem qualquer julgamento ou crítica.

Com o passar dos anos, vamos perdendo esta capacidade inata que tínhamos, devido a influências externas, desde dietas restritivas, regras alimentares espalhadas pelos media, recomendações de profissionais de saúde, imposições de familiares, entre outros.

Como resgatar a filosofia do mindful eating para a minha vida?

Através do treino da atenção plena. Esta que é uma prática de meditação com raízes no Budismo, com benefícios físicos, psicológicos e ao nível do desenvolvimento pessoal.

Atenção plena é um estado ou característica da mente em que se traz a presença, em cada atividade que fazemos. Pode até ser considerado um estilo de vida.

Esta prática incentiva a experienciar o dia a dia, em tudo o que faz, de forma diferente: desde a observação de tudo o que a rodeia, procurar observar e não apenas ver. Na relação com os outros procurar conversar com os olhos nos olhos com a pessoa que estamos a comunicar, demonstrando real interesse na interação.

Os fundamentos da atenção plena aplicados no contexto alimentar, têm sido cada vez mais estudados no tratamento de obesidade e dos transtornos alimentares, principalmente no que diz respeito à redução de episódios de compulsão alimentar ou de exagero alimentar.

Os pontos que serão trabalhados com esta abordagem são:

  • Desacelerar
  • Comer sem culpa
  • Comer com atenção
  • Escolher utensílios e alimentos
  • Comer para ter saciedade
  • Praticar a atenção plena

Desacelerar

O ritmo frenético que por vezes vivenciamos no nosso quotidiano leva-nos a comer no piloto automático, à pressa, engolindo a comida, em vez de mastigá-la. A proposta desta abordagem começa por promover a desaceleração. Comer com mais calma, usufruindo da refeição, mastigando lentamente, de forma a que seja possível sentir a saciedade ao longo da refeição.

Estratégias como: comer com a mão não dominante e pousar os talheres a cada garfada podem ajudar. Desta forma, ao desacelerar, terá mais atenção aos seus sinais internos, o que tornará menos difícil respeitar as suas necessidades alimentares, tanto as biológicas como as emocionais.

Escolher utensílios e alimentos

Sabe-se que as escolhas dos utensílios e o tamanho das porções têm impacto no consumo alimentar. Ao escolhermos por exemplo pratos demasiado grandes e/ou várias porções de comida de uma só vez, podemos estar a ter um consumo alimentar acima das nossas necessidades. Uma vez que estamos a comer por habituação e não pelos nossos sinais de fome e saciedade.

Comer com atenção

Comer com atenção é evitar, de forma intencional, todas as distrações no ato alimentar, sejam de televisão, enquanto se vê um filme ou ao utilizar o telemóvel para comunicar, ouvir música e jogar não são recomendadas. Isto porque há estudos que mostram que esta distração leva a um aumento do consumo alimentar da própria refeição e das seguintes. Com isto, não quer dizer que nunca possa comer de forma distraída, mas sim tentar que a maior parte das vezes, isso não aconteça.

Comer para ter saciedade

O mindful eating não é determinado por planos alimentares, roda dos alimentos, nem muito menos balanças onde pesa a sua comida. Devido à cultura da dieta, muitas regras alimentares externas são-nos impostas ao longo da vida, e por isto, os sinais de fome e saciedade vão sendo reprimidos. Aqui a proposta é contrária, é comer até ficar saciada, não depender de fatores externos, cálculos matemáticos que lhe dizem o que comer e em que quantidade.

Comer sem culpa

É essencial que comece o seu processo de comer sem culpa, deixando de categorizar os alimentos como bons e maus, através de uma visão de neutralidade alimentar, em que deixa de haver “vilões e proibidos” no seu ambiente alimentar. Sabe-se que a culpa ao comer gera menos prazer e tem como consequência menor controlo sob aquilo que se come.

Praticar o comer com atenção plena

O comer com atenção plena, tal como à atenção plena (mindfulness) é um processo. Não é do dia para a noite que começa a ser uma pessoa que come com atenção plena, que respeita os seus sinais de fome e saciedade. Isto requer prática, deve ser encarado com curiosidade e com uma intenção clara de melhorar a sua relação com os alimentos e com o corpo. Como consequência terá melhorias da saúde e bem-estar, e se for o objetivo, poderá até se dar uma perda de peso, por consequência de um melhor comportamento alimentar e hábitos de vida mais equilibrados.

 Referências

  1. Kabat-Zinn J. Full catastrophe living: using the wisdom of your body to face stress, pain, and illness. New York: Delta; 1990.
  2. Grossman P, Niemann L, Schmidt S, Walach H. Mindfulness-based stress reduction.
  3. Shapiro SL, Oman D, Thoresen CE, Plante TG, Flinders T. Cultivating mindfulness: effects on well-being. J Clin Psychol. 2008;64:840-62.

 

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